Ford encerra seu braço financeiro. Veja o que falta para a empresa deixar o país

Braço financeiro da Ford deixa de existir e clientes devem ser transferidos para outros bancos brasileiros. Empresa absorverá prejuízos.
Ford Mustang é importado e continua sendo vendido no Brasil (Foto: Ford)

A saída da Ford do Brasil como fabricante fez com que a empresa assumisse uma série de prejuízos que vão desde a destruição de carros inacabados em estoque, o pagamento de multas para encerrar contratos com concessionárias e agora também o encerramento de sua operadora de crédito, a Ford Credit. A Ford está encerrando suas atividades como fabricante no país e permanecerá apenas como importadora de veículos (leia mais abaixo).

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A Ford Credit é uma empresa financeira que financia e opera consórcios. Na Argentina a empresa já teve problemas porque tinha contratos semelhantes a consórcios com consumidores, que lá são chamados de “Plano de Ahoro”.

Muitos destes clientes já estavam há anos pagando parcelas para comprar um Ford Ka ou um Ford Ecosport, veículos que eram fabricados no Brasil e foram descontinuados. A solução que a Ford adotou por lá foi importar estes modelos da Índia e evitar processos judiciais.

Por aqui a empresa estima gastar quase R$ 2 bilhões para o encerramento das operações da empresa de crédito, segundo a Agência Reuters. Mas no total a empresa já gastou mais de R$ 60 bilhões para encerrar atividades no país. A empresa decidiu passar seus clientes para outros bancos e já teria negociado essas condições para não haver diferença de preços para os consumidores, com isso a Ford estaria assumindo parte do prejuízo do valor atualizado. A seguir a nota que a Ford Credit divulgou:

Para aprimorar o novo modelo de negócios da Ford na América do Sul, aumentando a competitividade e melhor servindo seus consumidores e concessionários, a Ford Credit tem avaliado alternativas, sob distintos cenários, a fim de prover a melhor assistência possível.

Como resultado, iniciaremos a transição das operações de financiamento no atacado para bancos preferenciais no Brasil e Argentina. As operações de varejo nesses mercados já atendem consumidores por meio de acordos com fornecedores preferenciais. Como parte dessas ações, estão previstos desligamentos.

Saída do Brasil continua em curso

A Ford iniciou sua saída do Brasil em 2019, em um plano silencioso naquele momento. Encerrou a produção de sua linha de caminhões, em São Paulo. A seguir, encerrou a produção do Ford Focus e do Ford Fiesta. No início do ano 2020 a empresa informou que todo esse movimento era um reposicionamento da marca no mercado brasileiro.

Porém o real motivo foi revelado só em janeiro de 2021, quando a empresa anunciou o encerramento de todas as suas fábricas e sua saída definitiva do Brasil como fabricante de veículos. Contribuíram para isso os sucessivos prejuízos bilionários que a empresa teve nos últimos anos na América do Sul e também uma autorização do Governo Brasileiro para que as empresas possam importar veículos do México sem limite de quantidade.

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A autorização de importação é um acordo do Brasil com o México, que também permite que veículos sejam exportados para lá sem o limite que existia até 2019. Com isso a Ford viu uma oportunidade de abastecer o mercado brasileiro com sua fábrica mexicana. O primeiro veículo vendido aqui nesse sistema pós a saída da Ford é o SUV Bronco. Em seguida deve vir a Ford Maverick, uma nova picape.

Troller em contagem regressiva

Além dos encerramentos citados acima, a Ford ainda tem três situações pendentes. A primeira é sobre a fabricação de peças de reposição para seus carros, que deverá ser encerrada este ano. Isso deve gerar mais uma onda de demissões em empresas terceirizadas da Ford.

A segunda pendência da Ford é sobre as fábricas de Taubaté (SP) e Camaçari (BA). Elas seguem em negociação e devem ser vendidas em breve, mas ainda não se sabe se o comprador será uma empresa automotiva. A fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, chegou a ser negociada com a Caoa mas acabou sendo vendida para uma construtora.

Outro ponto a ser resolvido é a situação da Troller. A fabricante do Ceará é da Ford e segue em marcha lenta com suas atividades. A Ford já se manifestou que não deseja continuar a operação da Troller e vai encerrar a fábrica se não encontrar um comprador até outubro.

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