A Ford vai ter que devolver R$ 2,5 bilhões ao governo da Bahia. O alto valor é referente à soma dos incentivos fiscais dados pelo governo desde que a montadora se instalou no estado, em 2001.
A informação foi veiculada pelo jornal Estado de São Paulo. Segundo o jornal, o governo baiano primeiro tentou demover a montadora de abandonar as operações Camaçari, mas não houve acordo. Para não ficar no prejuízo, a estratégia do estado foi conseguir, então, uma indenização, com o pagamento dos 20 anos de incentivos fiscais.
O anúncio deve ocorrer nos próximos dias, detalhando como vai ser a forma de pagamento. Apesar do alto valor, ele é apenas parte dos gastos previstos pela montadora por encerrar suas operações no Brasil.
A Ford estipula um prejuízo de US$ 4,1 bilhões – cerca de R$ 20 bilhões – a serem pagos em indenizações a governos, trabalhadores, fornecedores e concessionários não só no Brasil. Na Argentina, por exemplo, a Ford está com sérios problemas para cumprir contratos de consórcios de clientes que compraram modelos Ecosport, não mais fabricados no Brasil, e agora trazidos da Índia com alíquota de importação de 35%.
Só em indenizações trabalhistas, a montadora já se comprometeu a pagar mais de R$ 1 bilhão aos 5 mil funcionários de Camaçari e Taubaté/SP. Cada um recebeu, no mínimo, R$ 130 mil, revelaram os sindicatos locais.
Não há uma estimativa sobre quanto a montadora esteja gastando com as concessionárias, revoltadas com a saída repentina. O que se sabe é que a empresa tenta evitar a judicialização, aceitando generosos acordos de indenização. Das 283 lojas, a expectativa é que apenas 120 sobrevivam para comercializar os carros importados da montadora.
Plantas à venda
Para reduzir o prejuízo inevitável, a Ford tenta vender suas plantas. A comercialização da unidade de Camaçari irá depender de participação do governo baiano, que precisará dar novamente incentivos fiscais a quem quiser assumir a planta, não importa para que ramo de atividade.
A planta de São Bernardo do Campo/SP, que abriu alas para o êxodo da Ford, em 2019, levou mais de um ano para ser vendida, mesmo com forte participação do governo estadual, que tentou até o fim trazer outra montadora para o lugar. Daqui uns meses, no entanto, teremos caminhões circulando na área da antiga fábrica, que será transformada em centro logístico.