Polo Track e nacionalização de peças: os planos da Volkswagen para o Brasil

Montadora reservou 100 milhões de euros – cerca de R$ 655 milhões – para reestruturação no Brasil

A Volkswagen deu importantes detalhes sobre seus planos futuros para o Brasil, incluindo o Polo Track, futuro modelo de entrada que deverá aposentar de uma vez o Gol, o Fox e o Up. A montadora também informou querer aumentar a nacionalização de peças – ou pelo menos uma regionalização via Mercosul – para reduzir o impacto do dólar no preço final dos veículos.

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VW Polo
Polo Track deverá manter visual da geração atual, mas perderá itens para ficar mais barato – foto: divulgação/VW

As informações foram passadas por Ralf Brandstätter, CEO global da Volkswagen Passenger Cars, durante a apresentação dos resultados da empresa. Ele disse que a Volkswagen América Latina opera no azul, mesmo com a pandemia, e 2021 deve novamente ser de lucros para a montadora.

Segundo o executivo, os resultados positivos estão relacionados à plataforma MQB, que dilui custos em grande escala. Com a mesma plataforma a montadora consegue produzir de VW Polo a VW Taos fazendo poucos ajustes. O grupo alemão já montou globalmente mais de 60 modelos usando a MQB, incluindo carros da Audi, Skoda e Seat. A versatilidade é gigantesca.

Polo Track

E é com a MQB que deve sair o Polo Track, versão mais barata do modelo e que tem tudo para ser o carro de entrada da alemã no Brasil. Não está descartado, ainda, uma nova geração do Gol (veja mais abaixo).



O Polo Track deverá usar uma estratégia já vista com o Gol Special. Enquanto o Polo avançará com uma reestilização, a versão Track manterá o visual atual, com configuração um pouco abaixo da 1.0 MPI – ou seja, uma versão ainda mais rapada.

O Polo revitalizado provavelmente perderá a motorização 1.0 aspirada atual e partirá de opções turbo. É provável que fique bem distante em preços em relação ao Polo Track. O Turboway avalia que essa diferença será maior que R$ 15 mil.

Planta da Volkswagen em Taubaé/SP
Planta da Volkswagen em Taubaté/SP – foto: divulgação/VW

O Polo Track será produzido exclusivamente na planta de Taubaté/SP, onde a empresa conseguiu um acordo com o sindicato de trabalhadores local. Sem esse acordo, a planta ficaria praticamente ociosa já que é lá que são feitos os modelos Up e Gol, que tendem a sair do catálogo, e o Voyage, mantido por ora, mas sem empolgar nas vendas.

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A ida do Polo Track para Taubaté levará junto a plataforma MQB, ainda inédita na planta do interior paulista, mas que poderá abrir outras portas para a montadora.

Novo Gol?

É duro aceitar que a Volkswagen aposentará o Gol, veículo de maior sucesso da montadora alemã no Brasil, com cerca de 8,5 milhões de unidades produzidas em 40 anos de história – 27 deles na liderança global de vendas do Brasil. O carro, no entanto, parou no tempo e assistiu de camarote uma guinada no mercado brasileiro, cada vez mais voltado a carro maiores e mais equipados, coisas que o Gol nunca sonhou em ser.

Gol Básico
Geração atual do Gol: fim da linha? – foto: divulgação/VW

Pelo histórico e pela marca criada pelo Gol, é possível que a montadora mantenha o modelo no catálogo, mas com um novo projeto, estreando na plataforma MQB. Taubaté se candidata a receber a produção do Novo Gol, já que receberá a plataforma para fabricar o Polo Track.

O projeto, no entanto, não tem uma confirmação, muito menos data para sair do papel. Certo mesmo é que, para vingar, vai depender de maiores investimentos na nacionalização de componentes.

Peças regionais

Para poder investir em novos projetos e se manter lucrativa, a Volkswagen disse que irá priorizar a regionalização de peças, e depender menos das variações do dólar, que vem castigando compradores, com altas sucessivas nos preços.

“A estratégia está gerando frutos na América do Sul, onde lançamos veículos baseados na plataforma MQB. Estamos vendo agora as economias de escala para nos tornar lucrativos a longo prazo. Adicionalmente, uma profunda e consistente regionalização de componentes nos deixará independentes da flutuação das taxas de câmbio”, disse Ralf Brandstätter.

“Ao mesmo tempo, iniciamos um extensivo programa de reestruturação da operação. Nossa estratégia já está começando a ganhar tração e já conseguimos o equilíbrio financeiro na região em todos os últimos cinco meses”, completou o CEO da Volkswagen Passenger Cars.

O CEO disse ainda que a montadora irá investir 100 milhões de euros no Brasil nos próximos anos. A montadora anunciou paralisação de 12 dias na produção nacional por causa do agravamento da pandemia do novo coronavírus.

Publicada originalmente em

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