Neste fim de semana, o mundo da Fórmula 1 voltará a ter um Fittipaldi para chamar de seu. Depois de Emerson (1970-1980), Wilsinho (1972-75) e Christian (1992-94), Pietro Fittipaldi, de 24 anos, guiará a Haas no GP de Sakhir, no lugar de Romain Grosjean, que escapou com ferimentos de um grave acidente e não poderá correr. Será o quarto membro de uma mesma família na F1, um recorde.
Emerson não só abriu portas para o sobrenome Fittipaldi, como também para um país que amava o automobilismo mas ainda não tinha títulos em 20 anos de corridas da F1. Foi o primeiro campeão brasileiro e o então mais jovem campeão da história, aos 25 anos de idade, marca superada mais de 30 anos depois pelo espanhol Fernando Alonso, vencedor do título em 2005, aos 24 anos. Hoje o recorde pertence a Sebastian Vettel , campeão aos 23 anos em 2010.
Além do bicampeonato mundial de F1, Emerson acumulou feitos. Correu e venceu o título na Fórmula Indy, sendo um dos quatro pilotos a ter conseguido. Além de Emerson, Mario Andretti, Nigel Mansell e Jacques Villeneuve também levaram os dois títulos. Mas apenas Emerson, em toda a história, venceu dois títulos mundiais de F1 e ganhou por duas vezes nas 500 milhas de Indianápolis.
Apesar de um currículo tão invejável, Emerson Fittipaldi se envolveu recentemente em polêmicas envolvendo suas finanças. Por causa de dívidas, chegou a ter bens bloqueados, incluindo carros de F1 de sua coleção – a Justiça depois reviu a decisão, ao considerar que os modelos não pertenciam à pessoa física de Emerson, mas a um museu.
Com tanta história, é de se esperar que um campeão tenha colecionado carros com a sua marca. E o Turboway separou alguns dos modelos que levaram a assinatura de Emerson Fittipaldi. Resta saber se algum dia um novo Fittipaldi entrará para a história a ponto de ter um modelo com sua assinatura. Talvez não seja Pietro ou seu irmão mais novo Enzo Fittipaldi, mas quem sabe em uma próxima geração, afinal a velocidade e o amor pelo automobilismo vão continuar correndo nas veias de quem nascer com o sobrenome Fittipaldi.
5 – Omega Fittipaldi
Emerson foi, por muito tempo, embaixador da GM no Brasil. E isto resultou em alguns modelos com o nome do piloto. Em 2010, a GM decidiu batizar com o nome do bicampeão uma versão do caro Omega, um sedã cheio de novidades tecnológicas importado da Austrália, numa época em que a cotação do dólar ainda permitia
O Omega Fittipaldi foi um dos pioneiros a trazer central multimídia e câmera de ré, hoje tão comuns no Brasil. Mas segundo a própria GM, o destaque era para quem se sentasse atrás. Com espaço de sobra era possível ‘ler um jornal de pernas cruzadas’, dizia a própria montadora. Uma heresia, convenhamos, um carro com a assinatura de um bicampeão valorizar uma posição dentro do carro que não fosse a do motorista. Mas, justiça seja feita, ele tinha um motor poderoso: um 3.6 V6, de 292 cavalos.
4 – Monza Classic 500 EF
Outro modelo que recebeu o nome do então embaixador. O Monza Classic 500 EF comemorava a vitória dele nas 500 milhas de Indianápolis, em 1989. O carro era um suprassumo para a época: tinha injeção eletrônica multiponto, bancos de couro, computador de bordo, aerofólio e acabamento de Opala Diplomata. Era raro, com apenas 5.000 modelos produzidos, hoje todos disputados por colecionadores.
Foi uma das últimas versões do Monza Classic, que seria substituído pelo cultuado Monza Tubarão, no início dos anos 1990.
3 – Porsche 911 RSR
Não chegou a ser um modelo de linha com a grife Fittipaldi, mas o Porsche 911 RSR ganhou de fato uma assinatura de peso do bicampeão. Foi com ele que Emerson pilotou na IROC, competição mundial de corrida com pilotos de diversas categorias, em 1974.
O modelo é cultuado até hoje. Em 2012, o original foi arrematado em um leilão na Califórnia por US$ 875 mil, o equivalente hoje R$ 4,5 milhões.
2 – Fittipaldi EF7
Um carro realmente com o nome do bicampeão, mas que nunca saiu do papel. Além de levar as iniciais do piloto, O EF7 era parte de um projeto ousado: construir um supercarro nacional do zero, com custo de venda na casa de R$ 1 milhão. Seriam 39 unidades com motor 4.8 V8 de 600 cavalos, e design assinado pelo renomado estúdio Pininfarina.
Com as primeiras entregas previstas para 2018, até hoje ele não saiu do papel. O protótipo chegou a ser apresentado no salão de Genebra de 2017, mas o carro existe apenas nos videogames. É uma das opções de escolha no jogo Gran Turismo, para Playstation 4.
1 – Copersucar
Tudo bem, este não é um carro de linha, mas recebeu muito mais do que uma assinatura. O Copersucar nasceu em 1975 de uma ousadia e também de um desprendimento quase generoso de Emerson, que abriu mão de correr em carros melhores e talvez ser tricampeão, para criar a primeira equipe sul-americana de Fórmula 1, até hoje a única entre as mais de duzentas que já passaram pelo circuito.
A equipe teve altos e baixos, muito mais baixos, diga-se. Sem apoio estatal em um Brasil que valorizava o apoio estatal durante a ditadura militar, viveu de seus pequenos patrocinadores, todo muito menos poderosos dos que aqueles que empurravam McLarens, Brabhams, Williams e Ferraris.
Modesta, conseguiu ao menos revelar jovens pilotos brasileiros, como Chico Serra e Ingo Hoffmann. E teve no cockpit Keke Rosberg perto de seu auge, um ano antes de ser campeão mundial pela gigante Williams.
A Copersucar nunca venceu uma corrida. Deixou a Fórmula 1 em 1982, depois de 104 grandes prêmios nos quais o nome do Brasil pôde ser visto, admirado e criticado, sempre carregado por um sobrenome que abriu portas, e que a depender de suas próximas gerações dificilmente se fecharão.