Câmbio automático, sensor de frenagem autônoma, processador com 8GB Ram e placa gráfica independente. Descrições assim serão realidade em um futuro não distante. Hyundai e Kia anunciaram que a partir de 2022 todos os modelos mundiais da marca serão equipados com o sistema de infoentretenimento Nvidia Drive, o mesmo que a Mercedes-Benz anunciou para 2024.
Mas por que um carro precisa de processadores? É que as atuais centrais multimídia serão substituídas por centrais mais atuantes no funcionamento do veículo com softwares mais poderosos, o que requer resposta rápida. É mais um passo em direção ao carro autônomo e o uso da inteligência artificial. Essa inteligência virtual vai desde o ajuste do banco para as medidas do motorista até a identificação do estilo de condução da pessoa e o reconhecimento de placas de trânsito.
O sistema da NVidia, por exemplo, permite que a montadora integre os sistemas eletrônicos desenvolvidos pela montadora com os dispositivos dela. Significa dizer que a Hyundai, por exemplo, vai desenvolver os dispositivos convencionais do carro, como vidro elétrico, limpador de para-brisa, painel e etc e então integrar à central. Se estivéssemos falando de um computador, a Hyundai seria como a HP ou a Samsung, que desenvolvem todo o visual, periféricos e estilo de funcionamento da máquina, mas utiliza um chip central de processamento de outra marca, como AMD e Intel.
O sistema operacional ccOS (connected car Operative System) receberá todos os dados gerados pelo carro e sua rede de sensores e aí tomar suas decisões ou apresentar ao motorista para que ele acione alguma opção. A plataforma da Nvidia foi desenvolvida em parceria com as montadoras e é parte de um projeto maior que assumirá os carros autônomos do futuro. Essa plataforma prevê atualização online, através da conexão 5G com a internet.
Placa gráfica no Tesla
Se a Hyundai está atrás de um processador parrudo para seu carro com inteligência artificial, a Tesla parece estar indo além. Alguns especialistas, como o engenheiro de software Patrick Shur, que é ativamente ligado ao universo das placas AMD, informam que a empresa pretende instalar placas gráficas de alta capacidade em seus carros. Significa que os carros da Tesla terão capacidade de sobra para interpretar dados, tocar a central multimídia, tomar decisões autônomas e ainda oferecer aos passageiros que executem jogos nas telas dos veículos.
Os planos declarados da Tesla nada falam em priorizar jogos, mas a empresa planeja sim que seus veículos possam oferecer plataformas de compras e se adaptem ao nível de automóvel autônomo permitido para cada região do planeta.
São placas de processamento altamente poderosas, o que define que para os próximos anos podemos esperar modelos que apostem mais em novidades na área de softwares para o veículo. Se há 20 anos tínhamos a opção de comprar o “Motorola Startak” e o “Nokia Tijolão”, que no fundo faziam a mesma coisa e só se diferenciavam em design e algumas poucas toscas opções de navegação em rede, o mundo dos carros vive agora o início dessa transição: das centrais multimídia básicas que só espelham a tela do aparelho e tocam música para o veículo que será mais computador do que carro.
Uma questão ainda terá que ser respondida: o que acontecerá com os carros do futuro quando ficarem com o software obsoleto?