Nos anos 90 o mercado automotivo brasileiro experimentou a abertura de mercado para os importados. Nós contamos isso aqui. Essa queda de restrição para a importação de modelos provocou uma enxurrada de novos modelos no mercado nacional, especialmente no mercado de vans de transporte: a Volkswagen Kombi, que reinava há décadas, perdeu terreno para as sul-coreanas Kia Besta e Asia Topic.

As asiáticas tinham visual moderno e conforto, tudo o que a Kombi ficava devendo. O contra-ataque da Volks veio em 1996 com um banho de fábrica na Kombi tradicional e a busca na Europa por dois modelos mais modernos, a Eurovan e a Caravelle. Na prática foi uma estratégia bem curiosa, já que os três veículos eram versões diferentes de um mesmo modelo.
A Kombi que era vendida era a segunda versão (T2) do modelo lançado em 1950. Quando a Europa ganhou a terceira versão do modelo, chamado de T3, a Volks brasileira decidiu continuar com a versão antiga e assim ficou.
Como mesmo com a concorrência das asiáticas ela se mantinha forte no mercado, a Volks decidiu dar uma ajeitada no modelo T2 com soluções vindas da Volks do México, como porta lateral de correr e teto mais alto. O motor era 1.5 traseiro e refrigerado a ar com dois carburadores. Custava, em 1996, R$ 14.500.
Para os compradores de vans mais exigentes a Volks trouxe a Eurovan e a Caravelle. Os modelos eram variantes da quarta geração europeia da Kombi, com um acabamento bem melhor e motor 2.4 dianteiro à diesel com cinco cilindros.
A Eurovan era mais rústica e possuía versões de carga e de passageiros (capacidade para 11 pessoas). Originalmente o modelo ia de 0 a 100 km/h em 14,8 segundos e a velocidade máxima de 137 km/h.

A Caravelle era praticamente o mesmo veículo, mas com acabamento mais luxuoso. Levava 10 pessoas em sua versão com chassi longo e 7 pessoas na versão de chassi curto. O preço: R$ 30 mil.
O fim das vans importadas
Turboway consultou os jornais da época. OGlobo afirmou em 1996 que o plano da Volks era testar a aceitação dos novos modelos europeus para fabricá-los em Resende, no Rio de Janeiro, onde a VW fabricava seus veículos comerciais. Isso não aconteceu porque as vendas não foram expressivas e porque o dólar começou a disparar no final da década de 90 (falamos disso aqui). Isso não acabou apenas com o ‘sonho’ da Kombi ‘Gringa’, mas também com as vendas das sul-coreanas. Isso abriu o mercado para uma nova geração de vans produzidas no Brasil por Mercedes-Benz, Fiat e Renault.

A velha Kombi, aquela com o mesmo visual dos anos 60, ficou em linha até 2013 com fabricação nacional.
Sobre a Caravelle e a Eurovan, a importação em grandes quantidades durou apenas 2 anos, embora a empresa tenha vendido algumas unidades até 2001. Ambas seguiram no mercado Europeu. A Eurovan era chamada por lá de Transporter.
No total foram importados cerca de 1400 Eurovans e 500 Caravelles. Segundo dados dos Detrans, hoje existem 1283 Eurovans com registro ativo sendo que a maioria está em São Paulo. Das Caravelles restam 370 com registro ativo, sendo que 56 estão em São Paulo.