Carlos Miranda, o Vigilante Rodoviário, morreu aos 91 anos no interior de São Paulo. Carlos ficou famoso na década de 60 ao estrelar uma das primeiras séries da tv brasileira. O Vigilante Rodoviário teve três temporadas, foi exibido originalmente pela extinta TV Tupi e reprisado naquela mesma década pela Rede Globo.
A série se baseava no dia a dia de um policial rodoviário como um super herói nacional. A produção tinha orçamento baixo e até por isso não teve mais temporadas. Além de Carlos Miranda e de seu companheiro, o cachorro “Lobo”, outro destaque da série era o carro usado pelo personagem, um Simca Chambord que imitava uma viatura policial.

O Simca Chambord era um carro de luxo na época e como viatura era uma realidade apenas na TV. Sem muitos recursos, a série chegou a emprestar veículos da própria Polícia – era o caso da moto Harley Davidson 1200cc 1952 usada nos episódios – até Carlos começar a aparecer com frequência com o Simca.
Os modelos que apareceram na série foram emprestados da fabricante após uma iniciativa do próprio ator Carlos, diz o acervo jornalístico da época. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a série Vigilante Rodoviário chegou a emprestar cinco Simca Chambord diferentes. Dois deles ostentavam a pintura da Polícia Rodoviária da época. Todos eles foram devolvidos para a Simca logo foram encerradas as gravações.
Veja o episódio 12 da série, que mostra o Simca Chambord em ação:
Os carros originais da série se perderam com o tempo, já que nem os produtores, nem a Simca registraram quais seriam esses veículos.
Terminada a série, o ator Carlos Miranda foi convidado a integrar a tropa da Polícia Militar Rodoviária de São Paulo (1965) e ali permaneceu por anos, até se aposentar em 1998. Carlos sempre foi presença constante em eventos, principalmente automotivos. O personagem da série gozou de uma notoriedade ímpar. Dificilmente shows de TV de mais de 60 anos continuaram no imaginário popular como “O Vigilante Rodoviário”.

Nos eventos em que frequentava Carlos quase sempre estava com o Simca Chambord 1959 igual ao da série. Os veículos registrados nos últimos 20 anos eram dois exemplares comprados e restaurados, utilizados especialmente por ele para manter vivo o personagem. O primeiro destes Simca Chambord teve um fim trágico em 13 de outubro de 2007. O fato foi registrado pelo jornal O Globo da época: O carro retornava de um evento automotivo em Jundiaí na plataforma de um guincho que foi atingido por outro caminhão na altura da cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo. O guincho virou sobre o Simca e destruiu o veículo.
A concessionária da rodovia onde o acidente ocorreu se ofereceu para comprar um outro Simca para Carlos e com a ajuda de fãs da série um modelo 1960 foi achado em Santa Catarina. O novo Simca de Carlos foi então comprado com mecânica Dodge – motor V8. O Simca original tinha motor Aquilon, de apenas 84cv, que era justamente um ponto fraco do carro por ser muito lento. Definitivamente o Simca não havia sido feito para ser uma viatura de polícia. A mudança do Simca antigo para o novo foi registrada pelo site Mplafer na época.
Simca Chambord
O Simca Chambord era montado em São Bernardo do Campo pela Simca do Brasil desde 1958. O veículo tinha 75% de suas peças importadas da França. Era propagado como carro de luxo para o Brasil, mas naquela época já chegava defasado em relação ao que a indústria automotivo já oferecia e trazia da Europa (como destacado pelo site Lexicar).
O Chambord era um carro três volumes, de quatro portas, seis lugares (três na frente e três atrás), bagageiro de 500 litros, 4,75 de comprimento, motor dianteiro refrigerado a água, tração traseira com câmbio manual de três marchas, direção mecânica, suspensão independente, freios a tambor nas quatro rodas.