Série Vigilante Rodoviário inovou ao colocar a polícia com carro de luxo: o Simca Chambord

Simca Chambord original da série era um carro emprestado e a história dele se perdeu com o tempo. Carlos Miranda utilizava veículos que imitavam os da série para manter vivo o personagem

Carlos Miranda, o Vigilante Rodoviário, morreu aos 91 anos no interior de São Paulo. Carlos ficou famoso na década de 60 ao estrelar uma das primeiras séries da tv brasileira. O Vigilante Rodoviário teve três temporadas, foi exibido originalmente pela extinta TV Tupi e reprisado naquela mesma década pela Rede Globo.

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A série se baseava no dia a dia de um policial rodoviário como um super herói nacional. A produção tinha orçamento baixo e até por isso não teve mais temporadas. Além de Carlos Miranda e de seu companheiro, o cachorro “Lobo”, outro destaque da série era o carro usado pelo personagem, um Simca Chambord que imitava uma viatura policial.

Carlos em frente ao seu Simca Chambord estilizado em foto tirada em Americana por Daniel Violin. (reprodução: Wikipedia)

O Simca Chambord era um carro de luxo na época e como viatura era uma realidade apenas na TV. Sem muitos recursos, a série chegou a emprestar veículos da própria Polícia – era o caso da moto Harley Davidson 1200cc 1952 usada nos episódios – até Carlos começar a aparecer com frequência com o Simca.

Os modelos que apareceram na série foram emprestados da fabricante após uma iniciativa do próprio ator Carlos, diz o acervo jornalístico da época. Segundo o jornal Folha de São Paulo, a série Vigilante Rodoviário chegou a emprestar cinco Simca Chambord diferentes. Dois deles ostentavam a pintura da Polícia Rodoviária da época. Todos eles foram devolvidos para a Simca logo foram encerradas as gravações.

Veja o episódio 12 da série, que mostra o Simca Chambord em ação:

Os carros originais da série se perderam com o tempo, já que nem os produtores, nem a Simca registraram quais seriam esses veículos.

Terminada a série, o ator Carlos Miranda foi convidado a integrar a tropa da Polícia Militar Rodoviária de São Paulo (1965) e ali permaneceu por anos, até se aposentar em 1998. Carlos sempre foi presença constante em eventos, principalmente automotivos. O personagem da série gozou de uma notoriedade ímpar. Dificilmente shows de TV de mais de 60 anos continuaram no imaginário popular como “O Vigilante Rodoviário”.

O Globo de 2008 informou o paradeiro do antigo Simca Chambord que imitava os carros da série

Nos eventos em que frequentava Carlos quase sempre estava com o Simca Chambord 1959 igual ao da série. Os veículos registrados nos últimos 20 anos eram dois exemplares comprados e restaurados, utilizados especialmente por ele para manter vivo o personagem. O primeiro destes Simca Chambord teve um fim trágico em 13 de outubro de 2007. O fato foi registrado pelo jornal O Globo da época: O carro retornava de um evento automotivo em Jundiaí na plataforma de um guincho que foi atingido por outro caminhão na altura da cidade de Mogi Mirim, interior de São Paulo. O guincho virou sobre o Simca e destruiu o veículo.

A concessionária da rodovia onde o acidente ocorreu se ofereceu para comprar um outro Simca para Carlos e com a ajuda de fãs da série um modelo 1960 foi achado em Santa Catarina. O novo Simca de Carlos foi então comprado com mecânica Dodge – motor V8. O Simca original tinha motor Aquilon, de apenas 84cv, que era justamente um ponto fraco do carro por ser muito lento. Definitivamente o Simca não havia sido feito para ser uma viatura de polícia. A mudança do Simca antigo para o novo foi registrada pelo site Mplafer na época.

Simca Chambord

O Simca Chambord era montado em São Bernardo do Campo pela Simca do Brasil desde 1958. O veículo tinha 75% de suas peças importadas da França. Era propagado como carro de luxo para o Brasil, mas naquela época já chegava defasado em relação ao que a indústria automotivo já oferecia e trazia da Europa (como destacado pelo site Lexicar).

O Chambord era um carro três volumes, de quatro portas, seis lugares (três na frente e três atrás), bagageiro de 500 litros, 4,75 de comprimento, motor dianteiro refrigerado a água, tração traseira com câmbio manual de três marchas, direção mecânica, suspensão independente, freios a tambor nas quatro rodas.

Publicada originalmente em

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