Duas importantes pessoas do meio automotivo deram entrevistas quase que ao mesmo tempo, dando indícios de como será o futuro de duas das marcas mas populares do mundo. O chefe do design da Volkswagen e o CEO da Ford falaram tudo o que pensam. E eles têm pensamentos diferentes entre si.
A Volkswagen vai continuar no caminho que sempre esteve, o de vendas em massa, mas quer evitar ser ‘agressiva demais’ no design, pensando em modelos mais amigáveis a todos, sem se fechar a pequenos nichos. Já a Ford não quer saber mais de focar em carros pequenos e entediantes, e quer ser lembrada por criar ícones de mercado.
Começando pela Ford, o CEO Jim Farley abriu o coração em entrevista à revista britânica CAR. Ele justificou ter tirado de linha modelos que ele admite terem tido sucesso como Fiesta, Focus e Fusion, pois acha que a montadora não tem mais que fazer carros que ele classifica como chatos.
Ele acha que a Ford precisa ir para o caminho dos modelos que viram lendas, ainda que sejam caros e vendam pouco. A linha Mustang é um bom exemplo disso. Após ver a concorrência sumir, já que Chevrolet Camaro e Dodge Challenger saíram de linha, ela vai seguir investindo no modelo do cavalo selvagem americano. Mas não só. A Ford pensa em eletrificação e nos carros maiores, como SUVs, mas de melhor acabamento – e maior preço.
Embora o mercado não tenha expectativa de que sejam carros que entrarão para a história, a Ford trabalha atualmente com modelos Explorer e Capri, os quais ela compartilha com a Volkswagen a plataforma MEB, e por este motivo são carros que se parecem com o ID.3 e ID.4 da montadora alemã.
E a Volkswagen? O chefe do design da empresa, Andy Mindt, deu entrevista para a TopGear, sobre o que acha do futuro. Ele vai em outra linha de pensamento. Podem ficar tranquilos que a Volkswagen não irá abandonar a sua essência e continuará criando modelos acessíveis.
O que muda então? Segundo Mindt, a aparência dos modelos será cada vez mais amigável, deixando de lado qualquer propósito que possa parecer agressivo. Esqueça, portanto, um design mais arrojado e aposte no bom e velho feijão com arroz. “Qual é a necessidade de ser agressivo? Nosso núcleo é assim: sejam os caras legais”, disse.
Ele pensa que os modelos continuarão sendo reconhecidos pelas pessoas, sem aquela sensação de surpresa, como ocorreu, por exemplo, na troca de geração do Hyundai Creta. “Se eu vejo um Golf de primeira geração e depois um de oitava geração, ainda consigo ver o Golf. E é isso que temos que proteger, e entendemos isso muito bem. É muito divertido trabalhar no GTI, mas também é um desafio porque você precisa ser inovador. Você precisa se lembrar dos desafios em sua mão e garantir que ele permaneça reconhecível”, disse, citando o mais agressivo de seus acabamentos.
Questionado sobre como ele lidou com a aparência do ID.Buzz, baseado na velha Kombi, ele foi enfático: “foi bem fácil fazer, porque sabíamos o que tínhamos, sabíamos exatamente o que queríamos alcançar e queríamos criar uma versão moderna. O formato é reconhecível, então seria estúpido da nossa parte não usá-lo”, explicou.
O chefe do design foi questionado sobre a qualidade de certos materiais usados pela montadora. Será que o plástico pobre está com os dias contados? “Vamos tentar expulsar materiais plásticos baratos e investir em tecidos e melhorar a qualidade, o que ajuda a economizar dinheiro e significa que podemos usá-lo em outro lugar”, promete.
Ele não deu muitos detalhes, mas comentou sobre uma mudança nas portas. “Em vez de fazer o acabamento da porta em três peças, tentaremos projetar usando uma ilha no meio. Ainda haverá uma maçaneta e um apoio de braço como antes, mas tudo será construído a partir de uma peça. Isso também torna todo o processo mais sustentável”, finalizou. O que será que vem por aí?
