A Petrobras é contra o uso de biometano no transporte público do país. É o que ela afirmou em contribuição à consulta pública aberta pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para discutir “Transição Energética Justa, Inclusiva e Equilibrada”.
O biometano é mais um combustível pensado para o futuro da descarbonização do transporte. Até onde se imaginava, ele seria uma alternativa ao diesel em geral. Bastaria colocar, por exemplo, 10% de biometano no diesel para que este ficasse menos poluente. Não é o que acredita a Petrobras.
A empresa estatal alega que a mistura não trará tanto benefícios na redução de emissões e defende que a descarbonização para a mobilidade possa ser mais efetiva se for feita com etanol e biodiesel. Ela apresentou dados técnicos.
“Considerando que a mistura entre gás natural e o produto renovável seja de 1% de biometano no primeiro ano, chegando a 10% no décimo, tem-se que a IC da mistura iniciaria com valor de 85,9 gCO2/MJ, chegando a 79,0 gCO2/MJ no final do período. Por outro lado, em 2027 a IC da gasolina C, que contém 27% de etanol, será de 74,3 gCO2/MJ, enquanto a IC do diesel B, que poderá ter 15% de biodiesel naquele ano, será de 77,6 gCO2/MJ”, diz a empresa na contribuição, feita no final da gestão de Jean Paul Prates.
Em outras palavras, o biometano emitiria quase 2 gramas a mais de gás carbônico por cada megajoule gerado, na comparação com o biodiesel e 5 gramas a mais do que o etanol. Para a Petrobras, investir no biometano seria desenvolver todo um processo trabalhoso para no final ser menos efetivo.
Ainda assim, ele é testado no transporte público. Londrina/PR é a primeira cidade do país a usar ônibus 100% movidos a biometano. Os modelos estão em testes, conduzidos pela Compagas, a Companhia Paranaense de Gás, em conjunto com a Scania e acompanhados pela prefeitura local.
O biometano é um gás processado a partir do biogás. É obtido pela retirada de vapor de água, gás carbônico e sulfeto de hidrogênio e tem maior poder de combustão que o biogás. Como combustível automotivo, tem comportamento semelhante ao GNV. O Brasil, no entanto, ainda engatinha no assunto e se o país quiser realmente apostar nele terá que desenvolver infraestrutura.
Embora a Petrobras desencoraje o uso do biometano, ele está inserido no projeto de lei do “Combustível do Futuro”, aprovado pela Câmara dos Deputados em março de 2024.
O PL aumenta a mistura de etanol à gasolina, de biodiesel ao diesel e também cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável de aviação e do biometano. O projeto está sendo analisado pelo Senado.