Fiat e Citroën se juntaram na década de 60. Crise do petróleo afastou as marcas por meio século

Marcas francesa e italiana se uniram por cinco anos na década de 60 após uma crise financeira devastadora na Citroën

A união entre os grupos Fiat e Citroën/Peugeot é uma realidade desde 2021, quando foi formada a Stellantis. Aqui resgatamos um fato histórico do ano de 1968, quando Fiat e Citroën caminhavam para uma fusão que foi impedida pelo Governo da França.

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A intenção da união foi registrada nos jornais da época. Naquela época a Citroën ainda era uma empresa independente, com projetos modernos e altamente endividada – a Peugeot iniciou sua compra apenas em 1974. A dívida foi o pano de fundo da discussão onde os donos da Fiat se comprometeram a formar um grupo internacional para gerir a marca francesa.

Citroën DS21 de 1973 (foto: collectingcars.com)

Carros modernos demais para a época

A Citroën nesta época pertencia em parte à Michelin. A marca de pneus assumiu a montadora em 1934 após um pedido de falência. Como a Michelin era a principal credora, ficou com a marca. Do ponto de vista tecnológico a Citroën apresentava inovações como a direção hidráulica ou os freios a disco presentes na linha do DS (foto acima).

Carros que pareciam vindos do futuro, mas que do ponto de vista financeiro eram caros e não acessíveis para a classe média da época, que passou a ser a principal compradora de carros na década de 60. Isso gerou nova crise e a marca francesa perdeu terreno para as concorrentes. Aí que a Fiat se apresentou e negociou uma fusão com a francesa.



Governo francês não queria Citroën nas mãos da Fiat

Registrou o jornal OGlobo em 08/10/1968 que o presidente francês, Charles de Gaulle, havia relatado preocupação com a possibilidade de uma empresa estrangeira negociar a compra da francesa e que “tudo se resolverá como deve ser resolvido porque é preciso”.

Além do nacionalismo francês também pesava contra a fusão as movimentações dos sindicatos dos metalúrgicos francês e também o italiano que falavam em uma preocupação com o fechamento de postos de trabalho nos dois países, afinal o plano da Fiat já era dividir modelos com a marca.

De início Gaulle vetou a fusão Citroën-Fiat, mas a solução veio na compra de parte minoritária da marca pela italiana, o que foi permitido pelos franceses. Essa nova sociedade envolveu a compra de patentes para a Citroën mudar sua linha e adaptar seus novos projetos. Uma espécie de downgrade para produzir veículos mais populares. Também foi feita a compra da italiana Maserati pela Citroën nesta época.

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Essas mudanças pesaram em pouco tempo. Houve a crise do petróleo na década de 70 que atingiu fortemente a indústria automobilística mundial. O resultado foi um novo processo de falência na Citroën e a Fiat se retirou da sociedade apenas cinco anos após ter entrado nela.

O governo francês novamente teve que se mexer e articulou para que a Peugeot assumisse a marca. Nascia a PSA, a empresa que resultou da fusão de Peugeot e Citroën. Uma das providências adotadas pela Peugeot para minimizar a dívida aterrorizante da Citroën foi se livrar da Maserati, vendida para a Fiat.

A situação ficou assim por 46 anos, até que Fiat e Peugeot voltaram a se unir em 2021 para se transformar no grupo Stellantis, curiosamente envolvendo os mesmos atores de 50 anos atrás: Fiat, Peugeot, Citroën e Maserati estão juntas novamente.

Publicada originalmente em

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