Uma empresa peruana começou a ganhar destaque na imprensa daquele país ao anunciar um aplicativo de transportes só com motoristas com formação militar. O aplicativo mira na onda de insegurança vivida pelo país e tem estreia marcada para maio em Lima, capital do Peru. O conceito do serviço apresentado, no entanto, deixa dúvidas se trata de uma boa sacada ou uma aventura de dois empresários peruanos.
A história da Army Driver (nome que pode ser traduzido como ‘motorista militar’) foi trazida no último fim de semana pelo diário “El Comercio” do Peru e tem a cara de um projeto carregado de dúvidas. Segundo o diário, os donos investiram US$ 150 mil desde 2018 para desenvolver a plataforma e traçar um perfil do que seria o motorista ideal para o aplicativo: homens e mulheres de até 65 anos que tenham carros com menos de 15 anos de uso, atestado limpo de antecedentes criminais, conhecimentos em luta e um histórico de trabalho em forças de segurança.
Veja abaixo a apresentação do Army Driver na TV peruana:
A empresa diz que após o lançamento no Peru vai trabalhar na expansão do serviço para México e Brasil. Os três países em foco têm em comum altos índices de violência urbana. O objetivo divulgado é oferecer um serviço efetivamente seguro ao usuário de transporte por aplicativo, mas ao mesmo tempo concorrer com o Uber, que atualmente tem muita reclamação de motoristas sobre os baixos valores repassados pelas corridas.
A seriedade do projeto também depende dos resultados que quer mostrar. Porque apesar de divulgar que há cinco anos estuda o mercado, a Army Driver tem um site que saiu do ar após o barulho feito na imprensa nos últimos dias e que não voltou ao ar até agora (3 dias depois), o que não é muito normal. Também as redes sociais do projeto compartilham coisas confusas, como o vídeo abaixo que diz que pessoas ao redor do planeta já usam o aplicativo, o que não é verdade.
Seguro pra quem?
A empresa diz ter recebido manifestações de interesse por membros da polícia peruana e também ex-membros das forças armadas do país para atuarem no serviço. Mil e quinhentas pessoas neste perfil estarão dirigindo para a plataforma em maio, segundo a própria Army Driver divulga. Pelo que temos diariamente no noticiário policial, há uma pergunta óbvia: o serviço oferecerá mais segurança ao passageiro ou o perfil do motorista é que chamará a atenção de criminosos?
Os serviços oferecidos a partir de maio no Peru estão em três categorias. A primeira, mais simples, terá motoristas militares com tarifas semelhantes ao serviço convencional do Uber.
A segunda categoria terá além do motorista militar uma câmera na cabine transmitindo o trajeto em tempo real para o passageiro e uma terceira pessoa que ele indicar. O terceiro serviço elevaria ainda mais o nível de segurança: uma corrida reservada com antecedência com o acompanhamento de uma escolta discreta acompanhando o veículo.