A Argentina escolhe no próximo domingo (22) o presidente do país pelos próximos 4 anos. E o setor automotivo está preocupado com os rumos que o país pode tomar.
O líder nas pesquisas Javier Milei coleciona declarações e propostas polêmicas, como desativar o Banco Central e dolarizar o país. Ele defende, também, a desregulamentação do mercado, retirando toda e qualquer barreira do setor.
Autodeclarado anarcocapitalista, Milei defende o livre mercado e a livre regulação dos setores, mas é aí que muitos analistas consideram o maior perigo: deixar tudo para o empresariado resolver.
Os sindicatos de trabalhadores temem uma fuga das empresas montadoras por causa do aumento da concorrência com os importados e, as que ficarem, acabarem por retirar direitos trabalhistas, em nome da sobrevivência.
Essa nova Argentina poderia causar problemas para a região. Imaginando que as poucas montadoras que ficarem no país consigam baratear o custo de produção ao tirar direitos, o preço do carro argentino poderá cair muito, a ponto de preocupar mercados consolidados como o Brasil.
Impactos para o Brasil
Não seria este o único impacto ao Brasil. Milei já declarou que quer romper relações conosco, por pura incompatibilidade pessoal com o atual governo. Poderíamos, assim, reduzir nossas exportações ao país vizinho, criando problemas de ociosidade no nosso setor produtivo.
Hoje, em declaração à Reuters, Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil, disse estar preocupado com uma possível vitória do argentino. “É natural que eu esteja preocupado. Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. Em geral, nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse.
A Argentina é o nosso principal parceiro comercial de veículos. A cada 100 modelos exportados pelo Brasil em 2023, 34 vão para a Argentina e 25 para o México. Em 2022, as exportações à Argentina representaram 33%.