O avanço da tecnologia traz junto algumas questões que não existiam antes. Por exemplo: quem paga a conta pelo uso do carregador de carro elétrico, quando este está instalado em um condomínio?
A chegada do carro elétrico caminha a passos curtos no Brasil, em comparação com países desenvolvidos como os EUA e sobretudo a China. Mas é certo dizer que a cada dia mais e mais pessoas entram para esse novo mundo, que não fica refém da gasolina. É certo dizer, também, que elas pagam pelo preço do pioneirismo.
Ser um pioneiro tem seu lado negativo, como quebrar a cara se o criador da tecnologia se enganar durante o processo. Ele é o tester, a pessoa que vai dizer o que deu certo e errado com a novidade. E no começo nem tudo dá certo. Por outro lado existe o lado positivo.
Para alavancar a vinda de novas pessoas, as criadoras da tecnologia costumam bancar parte do processo. Por exemplo, os primeiros eletropostos ofereceram recarga sem custos aos motoristas. Você podia ir de São Paulo a Florianópolis e voltar sem pagar para o abastecimento com energia elétrica. Bastaria ter a paciência de fazer uma recarga muitas vezes lenta pelo caminho, enquanto almoçasse, tomasse um café ou simplesmente descansasse no percurso.
Esse almoço grátis vale apenas para os pioneiros. Os novos ingressantes no mundo do carro elétrico provavelmente já pagam pela maioria das recargas que fazem. A não ser que planejem o dia para recarregar os modelos ou no trabalho ou em um local que ainda oferece o recurso em algum ponto aleatório da cidade.
Hoje em dia, os eletropostos costuma cobrar por volta de R$ 2 cada kWh, o que dá mais ou menos de R$ 100 a R$ 120 para fazer uma carga completa em um modelo elétrico hatch. Ou seja, sai mais em conta do que encher o tanque com gasosa, é bom frisar.
Dito tudo isso, uma dúvida paira no ar. Os condomínios residenciais podem o devem pagar pelas estações de recarga? Ou esse é um recurso que tem que sair do bolso de cada morador interessado?
O advogado especializado em condomínios Marcio Rachkorsky respondeu a esta questão durante o SP1, da TV Globo, da última quarta-feira, 11. Para ele, é injusto o condomínio inteiro bancar a carga de um morador só. “O condomínio pode investir em um carregador, mas é importante que ele tenha um sistema que cobre de quem usa”, avalia o especialista em mediação de conflitos.
Essa já seria uma medida de economia para quem tem um carro elétrico. Os principais wallbox de recarga do mercado custam perto de R$ 10 mil. Os moradores podem bancar o investimento em conjunto e depois, a cada recarga, o valor vai direto para quem usar, incentivando o uso consciente do aparelho. Todos tendem a ganhar, já que mesmo quem não tem um carro elétrico pode se ver propenso a ter um, sabendo que pode rebastecer o modelo no conforto de casa.