Stellantis e Toyota, grandes rivais no mercado automotivo, se uniram por uma causa em comum. Elas estão criticando pelos quatro cantos o plano do governo Biden de redução de emissão de gases poluentes.
As duas gigantes estão preocupadas se irão conseguir atender ao plano americano, considerado ousado demais por elas. Elas acreditam não ser possível reunir condições fabris e até minerais para chegar ao que o governo dos Estados Unidos propõe.
O que diz o plano
O plano realmente é ambicioso. A principal meta da política ambiental é atingir a emissão zero de carbono no setor da energia até 2035. Especificamente para os carros, grandes vilões da poluição, a previsão é reduzir as vendas, ano a ano, de modelos a combustão. Elas deverão cair até 10% ao ano, dependendo do tipo de veículo de transporte, a partir de 2027.
O plano foi feito a várias mãos. O governo americano ouviu parte do setor, além de ambientalistas, é claro. Apesar desse aparente acordo, nem todos ficaram satisfeitos.
O que argumentam as montadoras
Para as montadoras não perderem 10% da receita junto com a limitação na venda de veículos a combustão, elas precisam compensar fabricando mais carros elétricos. Muito mais. E é aí que vem o problema.
O mercado de elétricos representa 10% das vendas nos EUA, contra 90% dos a combustão. Significa que a cada venda a menos de carros a combustão sejam necessárias 9 vendas de elétricos para compensar e deixar o mercado no 0 a 0.
O carro elétrico ainda está em uma fase de transição. Ele não chegou à maturação e ainda depende de muitos fatores que o encarecem. O principal deles é de origem mineral.
Stellantis e Toyota argumentam que não é possível extrair minérios usados na produção de bateria na mesma velocidade do plano de Biden. O aumento vem se dando de forma gradual e seriam necessários grandes investimentos em mineração.
O problema é que a extração de minérios e a fabricação de baterias são feitos fora dos Estados Unidos, causando um certo temor e descontrole sobre preços e entregas. A crise dos semicondutores deixou este alerta para as montadoras.
Ainda entram nesta balança o custo de manutenção de motores e baterias, a falta de uma rede de recarga ampla e outros itens, que vão crescer, mas não amanhã nem em 2027.
O futuro é agora
A história nos mostra que não basta deixar o mercado agindo livremente e encontrar seu ponto de equilíbrio no tempo certo. Sempre foi preciso uma intervenção governamental para fomentar uma parte do mercado.
Com os próprios elétricos foi assim. Não fossem os subsídios governamentais, ainda estaríamos engatinhando em eletrificação – ou talvez nem tivéssemos começado. Agora, mais uma vez, foi preciso criar leis para empurrar o mercado que estava inerte.
E como estamos falando de meio ambiente, de mudanças climáticas e do futuro do planeta, não há muito tempo para esperar.