Numa era de carros autônomos, de telas digitais enormes, de modelos elétricos com cada vez mais autonomia, as montadoras decidiram travar guerra contra uma tecnologia do passado: a frequência de rádio AM.
As montadoras querem tirar de vez a frequência de seus modelos porque ela causa interferência nas baterias dos motores elétricos. E isso virou guerra porque tem quem as defenda.
Congressistas americanos, tanto democratas quanto republicanos, estão querendo tornar lei a manutenção da frequência AM em todo e qualquer carro americano. Mas qual o interesse dos políticos?
É que embora o rádio AM esteja sendo gradualmente substituído por tecnologias mais avançadas, como a comunicação digital e telefonia celular, ele ainda tem importância em certos cenários de emergência.
Como o AM tem capacidade de transmitir sinais por longas distâncias, especialmente durante condições atmosféricas adversas, ele ainda é muito útil em áreas remotas ou em situações em que a infraestrutura de comunicação tradicional está inacessível ou danificada.
Nos Estados Unidos, eles são cruciais durante eventos como tornados, furacões e terremotos. Por vezes, é a única forma de comunicação disponível em áreas recém afetadas e por isso pode salvar vidas nas primeiras horas após uma catástrofe.
O AM tem outras vantagens, como ser menos suscetível a interrupções por falha de energia, ser simples de operar, mesmo por pessoas sem treinamento, entre outros. Embora antigo e com qualidade de áudio inferior, ele ainda é usado como redundância para sinais digitais.
Quantas vezes já vimos em filmes pós apocalípticos algum personagem recorrendo a um rádio para se comunicar com alguém no mundo exterior? Ter um receptor AM no carro ajuda nisso.
Algumas montadoras já haviam se comprometido a melhorar o sistema de interferência entre rádio e baterias. Outras simplesmente haviam decidido retirar a frequência dos modelos. Mas após apelos de autoridades em emergência elas estão revendo as decisões.
A Ford aninciou que voltou atrás da decisão dada em abril de eliminar o rádio AM de seus modelos em 2024. O CEO da montadora Jim Farley disse que desistiu da medida após conversar com as autoridades e se convencer da importância do sistema de alerta de emergência nos carros.