A primeira marca colocada em um carro do grupo que se tornou a Nissan foi “Datsun”. Apesar disso ela foi deixada de lado por duas vezes pelos japoneses e fez sua despedida bem longe de casa, no mercado indiano.
Nos últimos 10 anos ela esteve ativa por interferência direta do brasileiro Carlos Ghosn, ex executivo da aliança Renault-Nissan envolvido em uma polêmica à frente do conglomerado.
Origens
O nome Datsun surgiu em 1933 em um carro fabricado pela Tobata, a divisão automotiva do conglomerado que posteriormente se chamaria Nissan. Com o tempo virou uma divisão da Nissan para o mercado estrangeiro, compartilhando projetos com a empresa mãe.
Até os anos 90 era muito comum que empresas japonesas criassem variantes com outros nomes para o mercado ocidental.
Aliás os nomes Datsun e Nissan têm a mesma origem. Datsun surgiu da sigla dos três fundadores (D, A, T) e a palavra Sol em inglês. Já o nome Nissan em japonês quer dizer algo como “que vem do sol”. O resultado pode ser visto no logo da Nissan, que é uma evolução do primeiro logo da Datsun e o círculo ao fundo é… o Sol.
Na América do Sul a Datsun chegou ao Chile e Argentina. O mercado brasileiro, fechado para importadoras, permitiu apenas que poucas unidades chegassem por importação independente. Oficialmente a Nissan só aportou por aqui em 2000.
Modelos destaque
Carros lendários da marca foram o 240Z e o 280ZX. Pois tanto um quanto o outro possuem alguns poucos exemplares no Brasil, importados, com histórias disponíveis em sites que negociam carros raros. O 280ZX tinha motor de 6 cilindros em linha e rendia 145cv.
O último modelo fabricado com a marca Datsun foi o 280ZX que saiu de linha em 1986. Sendo assim a Nissan assumiu protagonismo mundial com o próprio nome. A marca só foi resgatada em 2012, quando a Nissan já fazia parte de uma aliança com a Renault.
A curta volta da Datsun
O brasileiro Carlos Ghosn, então presidente da aliança Renault-Nissan, comandou a volta da marca ao mercado. Só que a ideia porém era levar o modelo barato da empresa para mercados emergentes e não mais para o sofisticado mercado japonês. Ou seja, de forma mais direta: Ghosn queria que a Datsun fosse para a Nissan o que a Dacia era para a Renault.
Assim a marca chegou à Índia, Rússia e Indonésia com o modelo “Redi-Go”, que nada mais era que um subcompacto montado sobre a mesma plataforma do Renault Kwid que conhecemos aqui. O objetivo da Nissan era fazer frente para a Suzuki, que lidera vendas em países como a Índia com modelos compactos e baratos.
Além do Redi-Go ela vendeu na Índia os irmãos maiores “Go” e o “Go+”, este último é uma perua e os dois produzidos sobre a plataforma do Nissan March. E quem for curioso pode ver o site da marca, que mesmo antigo continua no ar em 2023.
O fim
Sem um plano para expansão e após a prisão do executivo brasileiro da Nissan Carlos Ghosn, a nova administração da Nissan resolveu encerrar em 2020 as fábricas que produziam os Datsuns para a Rússia e Indonésia.
Aliás apagar os feitos da era Ghosn é o que mais a Nissan tem buscado. Tem uma razão que já citamos em vários textos anteriores aqui no Turboway: ao juntar a Nissan com a Renault e dando preferência aos franceses no comando, Ghosn teria atingido em cheio o orgulho dos executivos japoneses, mesmo que ele tenha retirado a empresa de um poço de crises sem fundo.
Quanto a Datsun, a Índia ainda seguiu com a marca até o final de 2022. Assim mais uma vez a Datsun foi encerrada oficialmente.