A perua Volkswagen Variant II foi um projeto da Volkswagen brasileira que se apresentava como uma evolução da Variant e no aspecto visual parecia mais com uma versão maior da Brasília. Ficou conhecida como “Brasilião” ou “Variantão”.
A Variant II foi um projeto desenvolvido a partir do final de 1975 pela Volkswagen do Brasil após o lançamento da Chevrolet Caravan, que se tornou um sucesso de vendas. Nesta mesma época a Ford testava uma evolução da Belina nas ruas e a marca alemã percebeu que precisava mexer em sua perua “Variant”.
A Variant original também era um projeto brasileiro derivado do Fusca e que se inspirava no VW Typ 3 que era vendido na Europa. A Volkswagen brasileira criou por aqui uma versão mais simples. Identificando que os clientes procuravam um carro ainda mais espaçoso foi que a marca evoluiu para a Variant II em 1977.
A década de 70 foi uma época de grande demanda para as peruas, consideradas na época como um carro para a família toda. A Chevrolet Caravan chegou em 75, Belina II e Variant II chegaram como linha 1978.
Variant com itens do Passat
E como, em um curto espaço de tempo, construir um modelo para bater de frente com esses concorrentes? Dentro do orçamento reduzido a Volkswagen resolveu modernizar a primeira Variant ampliando suas linhas e adicionando no projeto alguns itens do Passat, o carro mais luxuoso da marca na época aqui no Brasil. O destaque era a suspensão dianteira McPherson, substituindo o eixo de torção utilizado em todo o restante da linha.
Na Europa já existia uma perua Passat, mas o custo do produto inviabilizou a chegada dele ao Brasil.
O motor era o 1.6 boxer (refrigerado a ar e movido a gasolina) que rendia até 67 cv de potência. O câmbio era manual, de 4 velocidades. A Variant II nesta combinação era capaz de ir de 0 a 100 km/h em 23 segundos e a velocidade máxima era de 139 km/h. O consumo médio era de 11,5 km/l, considerando um trajeto misto, com rodovia e via urbana.
Nas medidas, a Variant II tem 4,32 metros de comprimento. Apenas 1 centímetro a mais que a primeira Variant e 25 centímetros a mais que a Brasília. De largura são 1,63 metros, 5 centímetros maior que a antecessora (6,6 cm mais curta e 3,7 cm mais estreita que a Caravan).
No teste do jornal OGlobo de 19 de janeiro de 1978 a publicação destacava como pontos positivos a suspensão macia e estável, a grande área envidraçada, espaço interno, posição de dirigir e o acabamento superior em relação aos VW anteriores. Nos pontos negativos foram destacados o motor antigo, faróis ruins, a aerodinâmica e o desenho do painel. Ar condicionado não tinha e o rádio era opcional.
O mesmo OGlobo destacava na época que apesar de parecer maior, o espaço de bagagens da Variant diminuiu após a remodelação. Eram 467 litros para bagagem, o menor espaço entre os concorrentes. Outro ponto curioso relatado pelo jornalista à época é que os espelhos retrovisores saíam do lugar conforme o carro passava em obstáculos em estradas de terra. Sinistro.
Sobre o motor, o destaque era sobre alguns ajustes que a Volks fez para aumentar o rendimento em 2cv. Porém o veículo era sofrível em subidas.
Segundo a Revista Quatro Rodas, em dezembro de 1977 era possível comprar uma Variant II por Cr$ 88.654. Esse valor atualizado corresponde a R$ 135 mil reais em janeiro de 2023.
Poucas vendas e a chegada da Parati em 1981 mataram o modelo com pouco mais de 41 mil veículos fabricados. Foi um fim precoce, pois a Parati foi desenvolvida com a missão de substituir a Brasília. A Variant II estava posicionada em uma categoria mais acima e para o lugar dela a Volkswagen lançou apenas em 1985 o Santana Quantum.
A Variant II tem despertado o interesse de colecionadores porque é extremamente difícil achar um modelo a venda em boas condições.
Quantas Variant II ainda estão em circulação?
Segundo dados de janeiro de 2023 do Denatran, existem 20585 Volkswagen Variant II com licença ativa no Brasil. Não significa que todos os carros estejam em condição de rodagem, mas significa que estes carros foram licenciados nos últimos dez anos.