Volkswagen, Nissan e General Motors estão investindo na ampliação de suas atividades no México. Segundo agências internacionais, a Stellantis e a Tesla estudam implantar novas fábricas no país. A notícia é boa para os mexicanos, mas pode não ser tão boa para o Brasil.
Considerando o momento atual do mercado automotivo no mundo e que o México é um concorrente direto do Brasil nesta área, os investimentos podem ser decisivos para um passo mais avançado: se consolidar como um polo produtor de veículos elétricos e gerar riqueza em um futuro não muito distante. Ou ainda: evitar que as fábricas tradicionais sejam deixadas para trás, como fez a Ford no Brasil.
Segundo a Agência Reuters, a General Motors já vai começar a produzir veículos elétricos no México no próximo ano. Equinox EV e Blazer são candidatos a estrear a fábrica. A GM investiu US$ 1 bilhão para isso, já a Nissan está investindo US$ 700 milhões.
A Volkswagen anunciou que também levará US$ 700 milhões ao México. Garantiu que este dinheiro será para colocar em produção também um novo SUV, acima do Nivus. Porém os sites automotivos mexicanos acreditam que a Volks esteja também se preparando para fabricar elétricos como o ID3 no país.
Ainda segundo a AP, a Stellantis estuda uma fábrica de elétricos no país e Elon Musk também mantém conversas para um possível investimento no norte do México, que geograficamente permite uma exportação rápida para o vizinho Estados Unidos.
América Latina à espera das marcas
Atualmente China, Japão, Estados Unidos e países da Europa estão a pleno vapor no desenvolvimento e fabricação de carros elétricos. As demais regiões do planeta ainda têm vendas tímidas de veículos elétricos devido ao preço destes veículos e a baixa demanda. A América Latina está nessa situação.
Atualmente a chinesa Great Wall caminha para ter a primeira fábrica de carros elétricos em série no Brasil. Ela comprou a fábrica da Mercedes-Benz, em Iracemápolis, interior de São Paulo. A Toyota já produz carros híbridos em sua fábrica também no interior.
A criação de um polo produtor de carros elétricos é importante porque as empresas adotarão em poucos anos essa tecnologia como padrão. E para que o custo de produção baixe é indispensável que existam mais fábricas, fornecedores de baterias nacionais e uma rede de manutenção especializada. O motor à combustão já caminha para ser peça de museu nos países de economia mais próspera.
O que Brasil e México vão disputar nessa nova era da indústria automotiva?
A curto prazo, os países vão disputar os primeiros investimentos das marcas globais. A Jeep, por exemplo, já demonstrou interesse em trazer o Avenger para a América Latina, mas não revelou se ele seria montado no Brasil.
Marcas de luxo também devem começar a produzir em breve veículos elétricos na América Latina. No Brasil isso pode acontecer a curto prazo com a BMW e a Jaguar/ Land Rover.
A longo prazo os países vão disputar investimentos de marcas mais populares. Fiat, Volkswagen, Hyundai e Chevrolet, por exemplo. Essas marcas ainda não pensam em substituir os motores atuais pelos elétricos porque a diferença de custo entre eles ainda é grande e não atende o mercado onde elas atuam majoritariamente.
A marca popular mais avançada nesta questão “elétrica” por aqui é a Renault. Ela ainda não produz elétricos no Brasil, mas já trouxe o Kwid elétrico e o Zoe. Em breve trará outros modelos, como o Mégane.
Para pelo menos uma marca o Brasil já perdeu a preferência. A Ford saiu do Brasil há 2 anos e já decidiu que venderá elétricos e híbridos no Brasil produzidos nos Estados Unidos e no México.