Com medo da China, Stellantis defende protecionismo na Europa

Perdendo a guerra pela qualidade técnica, europeus defendem proibir a concorrência chinesa.

Uma das maiores críticas dos especialistas em mercado é com o protecionismo, ou seja, quando um país impõe dificuldades como altos impostos para a entrada de produtos estrangeiros. Os europeus são mestres em reclamar desta postura em outros países, incluindo o nosso. Pois é justamente o que defende o CEO da Stellantis, um dos maiores conglomerados automobilísticos do mundo. Em entrevista ao site AutoCar, Carlos Tavares defendeu que os países europeus precisam taxar os carros chineses o quanto antes, a fim de evitar uma invasão de modelos elétricos asiáticos no Velho Mundo.

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Stellantis defende protecionismo na Europa
Carlos Tavares, à direita, CEO da Stellantis: ele quer mexer nas regras do jogo

Até pouco tempo atrás, os carros chineses eram mal vistos na Europa – até mesmo por aqui. Mais baratos do que os carros produzidos localmente, eles também compensavam negativamente pela má qualidade, o que fazia com que os clientes torcessem o nariz. Era difícil revender, achar peças… Na Europa havia um outro agravante: a falta de segurança. Os modelos que tentavam entrar no concorrido mercado vinham com apenas duas ou três estrelas de proteção pela NCap. Assim, naturalmente eles não caíram no gosto local e a vida seguia normalmente, com marcas europeias dominando o mercado local.

Mas os engenheiros chineses voltaram às suas pranchetas e decidiram dar o troco. Elevaram a qualidade técnica, estética e saíram na frente na eletrificação. Hoje, os maiores players do mundo quando se fala em carro elétrico são BYD, NIO e Xpeng, todas chinesas. Valendo-se apenas do nome, a verdade é que as montadoras europeias dormiram no ponto.

Se os chineses foram perdendo o estigma de carro ruim frente ao consumidor europeu, as marcas italianas, francesas, alemãs e inglesas perderam a mão durante a pandemia e encareceram seus modelos além do ponto. Deram tiro no pé, sobretudo ao não lidar satisfatoriamente com a falta de semicondutores.

Sabendo que a água está batendo no pescoço, a Stellantis agora faz lobby a favor de uma intervenção governamental. Tavares tem provocados os líderes dos maiores países europeus e sugerido taxar pesadamente os veículos chineses. Ele não pede subsídios nem investimentos nos parques europeus. Quer apenas que os asiáticos sejam impedidos de penetrar no mercado do Velho Continente. Nivelar por baixo, por assim dizer. Em nenhum momento a Stellantis fala em plano de baixar preços ou elevar qualidade, só quer eliminar artificialmente a concorrência.

Enquanto isso, da lista final com os 45 veículos que concorrem ao melhor carro do ano na Europa, 11 são chineses e 2 são vietnamitas, da VinFast. Novos e atuais tempos.

Zeekr é uma marca de elétricos chineses pertencente ao grupo Geely
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