Elas são indispensáveis na maioria dos carros, depois que passaram a equipar modelos mais em conta e não só os de luxo. As centrais multimídia ajudam a controlar muitas funções do carro, e não só garantir o entretenimento ou a melhor rota. Mas se depender dos designers de carros, elas nem deveriam existir.
Até a Bugatti, que se rendeu recentemente aos motores elétricos – pondo em xeque os icônicos motores a combustão com 16 cilindros, os W16 – até ela não pretende investir em tecnologia de telas. O diretor de desenho da montadora, Achim Anscheidt é um crítico das telas gigantes da Mercedes, a hyperscreen, que podem chegar a 1,41 m de comprimento.
A DS também é contrária ao uso de telas. Tanto a DS quanto a Bugatti acreditam que as centrais estragam o design dos veículos e no futuro irão envelhecer os modelos, causando uma espécie de marcação de data. Assim como as janelas quebra-vento dataram muitos carros dos anos 80, as telas vão deixar datados os carros da atualidade.
Outro motivo é a atualização destes dispositivos. Não há garantias que os softwares funcionarão por tantos anos. A própria tela tem um prazo de validade. Haverá peça de reposição daqui 10, 15 anos?
Já a Mazda tem outro motivo para usar o mínimo de telas: a segurança do veículo. Em carros muito velozes, que aceleram muito rapidamente, o ideal é ter todo o controle sobre o veículo no volante. Tirar uma das mãos para mexer na tela é um risco, acredita a montadora.
Uma revista sueca fez a prova. Pegou 11 carros com centrais digitais e comparou com um Volvo 2005 sem telas. O motorista tinha a mesma missão em todos: a 110 km por hora ele deveria seguir uma rotina de ligar o ar em determinada temperatura, variar a iluminação do carro e trocar a estação de rádio.
Com um moderníssimo MG Marvel R, o motorista levou 45 segundos para cumprir o objetivo – percorreu nada menos que 1.372 metros. Com uma BMW iX ele levou 30,4 segundos e com um Seat León, 29,3. E o Volvo 2005 sem telas? Apenas 10 segundos, ou 306 metros de rodovia. Menos é mais, comprovaram os engenheiros.
A Mazda já voltou atrás na ideia de colocar controle do ar condicionado na tela e trouxe os quase ultrapassados controles físicos. Resta saber como o mercado irá se comportar. O motorista irá aceitar retroceder alguns passos?