A tabela atual de preços dos carros mais baratos do país mostra que o Renault Kwid e o Fiat Mobi dobraram de preço em apenas dois anos. O Kwid atualmente pode custar R$ 63 mil e o Mobi R$ 65 mil em suas versões básicas.
Apesar da alta, esses dois veículos particularmente mantém certa estabilidade nas vendas. Em abril o Fiat Mobi foi o terceiro carro mais vendido no país, com quase 6 mil unidades. Veja aqui o ranking mensal.
O Kwid vendeu quase 4 mil unidades e foi o décimo quinto veículo mais vendido no país, uma posição atrás da Toyota Hilux, que atualmente custa 4 vezes o seu preço.
Vendas mornas
Segundo economistas, a alta de preços ocorre principalmente pela dificuldade das montadoras em obter materiais para fabricação dos produtos. A inflação alta se encarregou de turbinar ainda mais a alta mensal de preços desde o ano passado.
As vendas estão abaixo do que a indústria vinha registrando até 2019. No primeiro trimestre deste ano as vendas caíram 23% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, que já não foi um período bom de vendas. Os dados são da Anfavea, a associação nacional dos fabricantes.
Além da falta de matéria prima, a indústria ainda opera sob ameaças de novas variantes da Covid19 e a guerra na Ucrânia.
Volume vs lucro
Se engana, porém, quem acredita que a queda nas vendas seja um fator determinante para as empresas repensem os preços.
A explicação sobre isso é a mudança no mercado nos últimos anos: primeiro que os maiores compradores de carros no país são as locadoras, que seguem aumentando negócios e aumentando as frotas. Segundo, que as montadoras vem trocando a estratégia de ganhar no volume e aumentando a margem de lucro.
Prova disso é a mudança de linha que as montadoras vêm promovendo. A Volkswagen, por exemplo, que habitava o ranking de vendas há anos com o Gol, Fox e Up resolveu aposentar os três modelos (o Gol está na saideira) e agora aposta nos carros maiores (e mais caros).
‘Tio do zap’
Nas redes sociais correm vários vídeos de pessoas que “aparentemente têm a receita para baixar o preço” dos veículos no país. “Carro tá caro, é só não comprar”, dizem.
Essa solução poderia ser viável há quase 30 anos. No início do plano Real o governo pedia para as pessoas não comprarem produtos nas lojas para que isso forçasse uma redução na demanda e consequentemente no preço.
Mas hoje, enquanto o senhor João Zap da Silva deixa de comprar um carro, uma empresa chamada Localiza compra 10 mil no mesmo dia. A realidade atual é que os maiores compradores são empresas que depois vão acabar locando para o senhor João.
A solução real está nas mãos dos governos: reduzir inflação, ajustar impostos e oferecer condições para que empresas com inovações avancem no país.