A guerra declarada pela Rússia à Ucrânia gerou uma série de retaliações econômicas pelos países do ocidente ao país de Vladimir Putin. Nesse bloqueio a montadora Lada deve ser fortemente impactada não apenas pela falta de dinheiro mas também pela composição de sua sociedade. Mas especialistas esperam impacto também em outras grandes montadoras que tem negócios na Rússia, como Hyundai e Volkswagen.
A Lada é uma marca que pertence à Autovaz, que desde 2007 pertence majoritariamente à francesa Renault, que tem entre seus sócios o governo francês, que vem apoiando a Ucrânia, e a Rostec, uma estatal russa de tecnologia. A marca francesa já informou a suspensão temporária das atividades na Rússia.
Cenário tenebroso
Hoje a Lada é uma montadora que detém 40% do mercado russo (seguida da Hyundai, com 27%). Com a produção local a Lada e seus fornecedores dependem da rede bancária russa que agora enfrenta um bloqueio do ocidente e praticamente foi desconectada da Europa e América.
O fator mais importante no momento é a dúvida sobre como uma empresa que tem entre seus sócios o governo da França e uma estatal russa vai conseguir chegar a um entendimento sobre continuar operando na Rússia.
Também conta a atual situação econômica da Rússia, que mudou radicalmente em 24 horas. O Rublo, a moeda do país, desabou na cotação internacional. Como resposta imediata o Banco Central russo dobrou a taxa básica de juros para 20%.
Tudo isso criou uma dificuldade para o cidadão obter crédito, além de prejudicar e muito a entrega de resultados da Autovaz para a Renault. A empresa francesa assiste aos desdobramentos desta crise para tomar suas decisões.
Os planos da Lada agora ficaram distantes. Sobre a mesa de Luca de Meo, o comandante da Renault, estavam projetos importantes para a montadora russa: o Niva, que é produzido há 40 anos com o mesmo desenho, seria apresentado em 2024 com novo visual (projeção acima) e montado sobre o mesmo chassi do Duster.
Outro plano que a Renault concordava é que o Niva teria um irmão maior, a um custo mais alto para um mercado mais específico. Além disso a Lada planejava outros dois novos carros para 2025. Com embargo e sem consenso nada disso sai da prancheta.
Lada já teve presença no Brasil
A Lada ficou conhecida no Brasil nos anos 90 quando chegou a ter uma pequena rede de concessionárias no país e importou os modelos Niva, Laika e Samara.
Na época, impactada ainda pela crise econômica instalada na Rússia pós fim da União Soviética, a Lada não teve fôlego e abandonou o Brasil. A empresa era controlada por estatais russas até que encontrou a Renault, quando ainda era controlada pelo brasileiro Carlos Ghosn.
Outras montadoras
A agência Automotive News Europe fez uma análise com especialistas do setor sobre as marcas mundiais presentes na Rússia e como elas devem ser afetadas.
É importante explicar que quando a Rússia começou sua recuperação após a queda da antiga União Soviética, nos anos 90, muitas montadoras fizeram apostas no país acreditando em uma explosão de consumo.
Fiat, Volkswagen, Toyota e até as norte-americanas GM e Ford iniciaram atividades na Rússia, em sua maioria por meio de parcerias com empresas locais (nos moldes que a Chery fez com a Caoa no Brasil).
A explosão de consumo nunca aconteceu. A GM foi embora da Rússia há 7 anos. A Ford encerrou as operações em 2019 e agora só importa alguns modelos. A Stellantis (antigamente Fiat e Peugeot) opera por meio de parcerias.
Volkswagen e Toyota, que estão na Rússia através de parceiros, detém 12% e 5% do mercado, respectivamente. Com esses resultados, os maiores impactados serão Renault, Hyundai, Volkswagen e Toyota.
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