Existem carros que são considerados muito legais na época do lançamento e acabam nas mãos de poucos. Com o tempo esses carros acabam sendo cobiçados por um público específico. O Chevrolet Tigra é um desses modelos e neste texto vou falar um pouco sobre ele.
O carro chamou a atenção nas páginas das revistas automotivas ao aparecer no Salão do Automóvel de Frankfurt, na Alemanha, em 1993.
Visual futurista em uma marca de carros popular no Brasil, coisa que na época o mais aproximado que existia era o Eclipse, sucesso nas rodas de conversa da molecada. Eram carros dos sonhos e hoje, muitos anos depois, tem quem ainda busque realizar um sonho destes.
Divertido de dirigir, o carro chegou ao Brasil apenas em 1998, importado da fábrica da Opel em Zaragoza, na Espanha. A Opel era a marca da Chevrolet na Europa até ser comprada pela Peugeot em 2017. Hoje ela pertence à Stellantis, marca que juntou Fiat e Peugeot.
Compartilhava peças com o Corsa
Apesar do design arrojado para a época, com um vidro de model especial na traseira – o que pode ser um terror em caso de quebra, o interior era baseado no próprio Corsa europeu. Como o Corsa de lá era o mesmo de cá na época, as peças eram compartilhadas, o que alivia bastante quem procura uma dessas peças para reposição.
Achar um Tigra a venda não é coisa tão difícil, eles estão sempre pelos sites de vendas, mas nem sempre em bom estado. É bom que você saiba que na época a Chevrolet importou 2652 Tigras e eles estão por aí em sete cores: Amarelo Curry, Azul, Azul Polarsea, Prata Star, Verde Rio Verde, Vermelho Magma e Preto Schwarts.
O Tigra trazido para o Brasil tem motor 1.6 de 16v que rende até 100cv, a mesma mecânica do Corsa GSi. Não é um carro veloz, tampouco confortável para os passageiros. São 2 lugares na frente e dois atrás.
Os modelos que saíam da fábrica espanhola para vir ao Brasil, Argentina e para o México recebiam roda de liga leve aro 14, enquanto os modelos que ficavam na Europa tinham roda aro 15 e ainda uma opção com motor 1.4.
Todos os Tigras que vieram ao Brasil tinham ar-condicionado, airbag para o motorista, faróis de neblina, direção hidráulica e banco em tecido. Na época algumas concessionárias daqui ofereciam uma customização com bancos em couro.
Tigra foi vítima da primeira disparada do dólar
A importação para México e Brasil não durou quase nada e para cada um dos países há uma explicação diferente. No México o carro foi um fracasso e encalhou. No Brasil o sonho acabou em janeiro de 1999, no início do segundo mandato do governo FHC.
Naquele mês o Banco Central abandonava o plano de deixar o Real equiparado ao Dólar e passou a deixar o câmbio flutuar. Um Dólar, que em 98 era algo próximo a R$ 1,10, passou a valer algo em torno de R$ 2,00 em 1999 e com isso muitos importados deram adeus ao mercado. O Tigra foi um deles.
Tigras do Brasil
Segundo o Denatran, em 2022 existiam 2628 ainda registrados. Claro que podem existir alguns que viraram sucata e não foram baixados no Detran, mas importante é saber que ainda existe um número razoável de Tigras por aí.
Essa geração do Tigra que chegou ao Brasil foi fabricada na Europa até o ano 2000. Depois o carro desapareceu e a Opel resolveu lançar uma geração apenas em 2004, chamada Twin Top, que durou até 2009. Essa segunda geração se baseava na linha da Opel da época e lembra um pouco a segunda geração do Vectra no Brasil.
Ao buscar dados do carro na lista pública da frota brasileira, Turboway encontrou uma informação interessante: existe um Tigra Twin Top registrado no Brasil, no Estado de São Paulo. Se alguém conhecer esse carro, não esqueça de contar pra gente.
Vale a pena comprar um Tigra?
Se o Tigra lhe desperta algum saudosismo, vá em frente. Afinal o carro tem mecânica semelhante aos modelos nacionais da época, o que diminui muito a carga no bolso.
Apesar de constar como um veículo de 4 portas, o Tigra tem os bancos do passageiro atrás quase improvisados.
É um espaço um pouco maior do que a Fiat deixou na geração anterior da Strada cabine dupla, porém com uma inclinação para trás. Se for para uso da família então, nem pensar. O Tigra não foi feito para isso.
Alguns Tigras encontrados na Webmotors e OLX parecem estar em bom estado. O problema é que alguns passara por customizações que não são facilmente desfeitas.
Se você, como eu, prefere o mais original possível, vai ter que buscar bastante. Felizmente o preço hoje é muito acessível: o Tigra 1998 hoje está em R$ 30 mil na tabela Fipe (fev/2022).