Veículos defeituosos foram produzidos na década de 1990. Ao Jornal do Carro a empresa admitiu que pode recomprar veículos em alguns casos.
Quase dez anos após o maior recall da história automotiva por problemas em airbags da empresa Takata, que podem matar os ocupantes do carro, o problema ainda ainda permanece como dor de cabeça para as montadoras. Reportagem do Jornal do Carro aponta que a Honda ainda trabalha na substituição do equipamento de mais de 30 mil veículos que foram importados para o Brasil entre 1996 e 2000.
Modelos mais recentes da marca que também foram equipados com o airbag defeituoso já foram convocados para recall anteriormente. Mas no caso de alguns veículos mais antigos, o problema no airbag do motorista seria economicamente inviável de ser resolvido com a troca do equipamento, o que implicaria na desativação definitiva do airbag. Essa informação foi dada pelo site Autos Segredos.
Questionada sobre como está sendo o processo de substituição dos modelos vendidos entre 1996 e 2000, a Honda respondeu que “realiza tratativas individualizadas com consumidores. E pode realizar a recompra em casos pontuais”. A Honda não informa quantos carros ela já recomprou e quais os valores envolvidos.
O problema com os airbags da Takata não é exclusivo dos modelos da Honda. Mesmo no caso dos carros mais novos ainda existem muitos motoristas que não atenderam aos chamados de recall. Portanto, é importante ficar atento ao comprar um veículo usado, se ele necessita passar por esse tipo de atendimento.
Veja quais veículos foram convocados para o recall
Valor do risco
O equipamento airbag passou a ser obrigatório no Brasil apenas em 2014 e antes disso equipava os veículos apenas como um equipamento opcional. Muitos veículos importados já traziam o equipamento por conta da legislação de outros países. Na Europa, por exemplo, o airbag passou a ser obrigatório em 1998. O Honda Civic fabricado no Brasil tem o equipamento desde 1998.
A inutilização do airbag pode trazer grandes problemas para os fabricantes em caso de acidente, já que a existência do equipamento poderia minimizar os efeitos da colisão e até preservar vidas. A consequência seria uma responsabilização da marca pelos efeitos do acidente.
A saída para esse tipo de situação seria entrar em acordo com o proprietário. Praticamente empurrando ao motorista a responsabilidade por qualquer coisa que aconteça pela falta do airbag. Aí é que está o grande dilema: quem aceita esse risco recebe quanto da marca para assumir essa responsabilidade? E o valor recebido isenta a empresa de uma indenização em caso de morte?
Talvez por isso a empresa esteja aberta a recomprar seus antigos modelos, já que como exemplo, o Honda Civic vendido naquela época, não passa hoje de R$ 15 mil na tabela Fipe. É nesse ponto que as negociações entre Honda e proprietários deve caminhar para uma avaliação se vale a pena ficar com o carro e de outro lado se vale a pena recomprar o carro, diante dos riscos que ele oferece.
Qual é o problema dos airbags?
O problema nos airbags da empresa Takata envolve mais de 100 milhões de veículos e está relacionado a uma peça chamada deflagrador. O deflagrador contém um produto químico dentro que infla o airbag imediatamente em caso de batida.
Acontece que durante muito tempo a Takata produziu este dispositivo com problemas. Quando há a colisão, o deflagrador não apenas solta o produto químico que infla a bolsa do airbag, como também lança estilhaços de metal em direção ao motorista. As lesões causadas são graves e podem levar à morte. Até o momento 30 pessoas morreram por essa falha e mais de 300 ficaram feridas.